Sinto-lhes o medo,
no gesto anafado,
Quando passam o dedo
pelo nó da gravata.
Sentem o pescoço
apertado, sufoco que os mata.
Os cães já rosnam,
ao invés de se sentar...
Será camarada que a
maré está a mudar?
Arreganham retóricas
com tremeliques,
Criticam a
indumentária, à falta de conteúdo!
E falam grosso,
juntos, alcateia em arrebiques;
Caretos, num
anacrónico entrudo!
Será camarada que a
maré está a mudar?
Já não gostam dos
que não se vergam,
Dos que reclamam e
não ajoelham!
Dos que falam em
nome do povo,
Como se tudo isso,
fosse novo!
Será camarada que a
maré está a mudar?
Não sei, a mudança
é sempre conquista!
Cada avanço a
sangue, lágrimas, a suor,
Sensação de
tristeza e euforia, coisa mista;
Que o grito e o
punho é libertador!
Será camarada que a
maré está a mudar?
Dizem que do Leste
vem a mudança,
Desta austeridade
louca, a bonança;
De caídos,
esmagados, nos pomos de pé;
Um futuro melhor
para conquistar!
Será camarada que a
maré está a mudar?
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