2024-01-09

Não passarão!

 

Foto de Jack Skinner na Unsplash


Ouço os cães pela madrugada.

Aguardo a sua chegada,

Nas mãos o bastão para os acolher,

Partir os dentes, fazer doer!

Deixai-os vir, raivosos.

Parados, de pé, fazemo-los nervosos.

Espumam pela boca a sua raiva.

Estão loucos, mas não há quem saiba,

Que a morder, morderão em vão!

Não tenham medo companheiros,

Depois dos cães, chegaremos aos donos matreiros!

Irão provar a justiça de Fafe,

E que nenhum deles escape!

Basta de tanta iniquidade, exploração.

Viva a liberdade! Não passarão!


2022-05-29

Não irei sem luta


Photo by Cherry Laithang on Unsplash 
 

Ao vento norte,

Faço-me forte!

À chuva bravia,

Adejo a minha alegria!

Na borrasca do temporal,

Rio de todo o mal!


Que haja doença e fome;

Qual for o anjo negro que me tome,

Não irei sem luta, sem pugnar!

Mesmo que tal anjo maldito,

Ensurdecido por meu grito,

Acabe sempre por ganhar...

2022-01-17

Maldito

  

Photo from Tom Barrett on Unsplash

Maldito sou:

Maldito por saber demais.

Maldito por saber de menos.

Sempre Maldito. 


2021-05-23

"Voyerismo" perverso

Photo by Mahdi Bafande on Unsplash

 

Há em mim esse "voyerismo" perverso,

Que em mesmo me doendo o olhar;

Não consigo desviar os olhos.

 

  

 

2021-04-25

25 de Abril de águas mil



Photo by Pedro Santos on Unsplash

Vinte e cinco de abril cinzento,

Um dia com vento,

Para perdermos alento.

Um dia em que chove,

O povo não se move,

E tudo fica mais triste.

Não se levanta o punho em riste!

Curvam-se os cravos para o chão,

Incumprida no fim, a revolução.

Tomada de assalto por oportunistas,

Que na altura do voto enchem as listas,

Sátrapas, clientes vários,

Rios de supranumerários!

Todos fazendo do Estado,

Maná pelos deuses providenciado.

Perde o povo, nas vis mãos do mercado;

Trabalha empobrecendo,

Na miséria vai envelhecendo.

Vendido pelos traidores,

Dos trabalhadores!

Alguma esperança ainda que moribunda,

Ou a derrota chega lenta, mas profunda?

Tem o poeta de calar a sua voz, emudecer?

Os cravos substituídos por crisântemos,

Que a revolução acaba de morrer?

Um fel na boca amargo é merecido,

A este povo que sempre andou perdido;

Que chore e que lamente,

Que o bem, não é para esta gente!

São apenas bandos de tolos!

Votam como ricos e são apenas parolos!

Nação sem povo nobre,

Apenas pobre,

Que se deixa iludir.

Vê as conquistas a fugir,

E inclina a cabeça.

Estende a mão, como quem peça!

Já não sabe, nem como se luta,

Nação que só sabe parir,

Bufos e filhos da puta,

Não merece existir!

 

Haverá amanhã, um dia feliz?

Se houver, não é porque o povo quis!

Foi circunstancial,

No meio do mal,

Da apatia nacional,

Da secular ignorância,

Da corporativa arrogância,

Das diversas castas sociais,

Que temos demais!

No fundo sempre esta chuva;

Afogada nos bagos de uva,

Que esmagados,

(Como nós),

Nos fazem ficar sossegados.

 

O amanhã não será feliz, estará a chover.

Através da janela vejo o futuro a acontecer,

As hienas em volta do tigre rindo,

Que o mundo é campo de batalha!

E há carniça para abater,

Tudo é findo,

Tudo é pó e poalha,

Tudo destinado a morrer.

 

Salvar-se a esperança!

O depois da tempestade,

Chegar a bonança?

Sim, se aceita as coisas pela metade,

Se vos bastam os restos,

Que caem da mesa dos donos.

E porque não merecestes a revolução,

E vos contentais com uma vida de cão.

Vá, ide enroscar-vos no canto,

Dessa vida vil!

Hoje são vinte e cinco e tanto,

De Águas mil...