2004-12-08

Vida breve


A vida é breve
Uma folha agitada
Uma brisa, um sopro forte
Quase nada
Jornada, mesmo sem norte
Uns dizem que é divina
Outros loucura.
Ninguém a domina!
Uns acham-na leve,
Outros dura.
Pode ser fria como a neve,
Mas o amor é quente,
E quando se sente,
Tudo cura!

2004-11-12

Cavaleira

Cavaleira


Podia desejar-te de mil formas,
E tu dirias: Por quem me tomas?
Podia cantar-te uma canção,
Ririas da minha intenção,
Puxarias das rédeas e dos galões,
Dirias: Não suporto garotões!

É assim que tem de ser:
Se quisermos ir devagar,
Tu queres correr.
Se quisermos acompanhar,
Tu queres ir devagar!

Tudo tem de ser à tua maneira,
Talvez por isso o teu nome: Cavaleira!

Mas hoje vou tirar-te as botas
Encantar-te (e tu nem notas),
Tirar-te o chicote,
Dar-te um piparote,
Que te faça cair na banheira,
E perguntar-te: "Como vai ser?"
E tu dizes: "Á tua maneira...
...até endoidecer!"
E eu direi: "Assim, sim!"
Depois poderás ser cavaleira...
Mandar em mim!

2004-10-15

De devasso a santo!

De Devasso a Santo!


Ser devasso,
Madraço
Arma um laço!

Quero sair,
Fugir!
Deixai-me ir!

Fim do pranto,
Que é tanto;
Quero ser santo!

2004-07-29

Foi o céu!

Voar
Por aí rasgado
Aberto
Num peito fechado
Tu por perto
Para beijar

Mas não havia beijos
Apenas expectativas
Vãos desejos
Paixões vivas
Que não consegui travar
E tu quiseste calar!

Disseste "Não!"
E eu ajoelhei
E tu "Não!"
E supliquei
E "Não!" de vez
O meu coração se desfez...

Pode a ferida sarar?
Um coração aberto
Pode estancar?
Estive tão perto...
E doeu,
E foi o céu!

2004-07-22

Amor à primeira vista

Amor à primeira vista

Perdoa que tamanha é a ousadia,

Mas pula o meu coração em alegria,

E não o consigo mais calar!

Nesta sede que tem de amar,

Prendeu-se a ti com grilhões,

A ferros uniu os nossos corações!

Nesta força, não há quem resista,

Foi amor à primeira vista!





2004-07-07

Breve

Breve


Parece-me um sonho,
Na demora de vir.
Transfiguro,
Fico tristonho.
Sentir...
Sentir os teus passos,
Os teus abraços!
Abrir,
Os braços!
Partir.
Voar.
Ser leve!
Breve,
Encontrar caminho.
Ser carinho,
Estar!
Apenas amar...

2004-05-10

Poeta Tonta

Poeta Tonta



Penso andar e estou!
Pretendo falar e emudeço.
Por isso não vou,
Sou apenas adereço.

Um puzzle que se monta,
E onde estou metido.
Queria uma poeta tonta,
Pra que tudo tivesse sentido!

2004-04-17

Não consigo vê-lo!

Não consigo vê-lo!



Quebra a vaga, o silêncio
Que escorre na noite langue.
Sentir-se preenchido pelo vazio,
A alma esvaindo-se, exangue...

Só nada menos que nada!
Há só ausência, tormento.
Tudo me transtorna, enfada,
E o cheiro é bolorento!

Por favor, deixa-me fazer uma oração
Rebentar em lágrimas e dizê-lo:
Tenho aqui dentro uma ferida no coração,
E Deus, já não consigo vê-lo!

2004-04-08

Sou um nabo...

Sou um nabo!


Perturbado, inquieto...
Movo-me com as cautelas
Necessárias.
Atiro-me ao tecto,
A elas,
A várias!
Sim, sou tomado,
Tombo redondo,
De lado!
Vou pondo,
Aí o que sou
Sem ir, vou!
Lento, acabo
Sou um nabo!

2004-03-19

Apenas pó...

Apenas pó...


Me abraça nesse instante
Fugaz, distante
Que passa e não volta mais
Quero-te toda num abraço
Me beija com um dos tais
Que me enlouquece!
Nos teus lábios eu me passo!

Vem, sinto a ausência
A dor e a violência,
De ficar distante de ti!
Parece que morri,
Quando é apenas distància.

Havemos de ser dois,
Até nos tornarmos um só.
Não importa o depois,
Porque é apenas pó...

2004-02-23

Lili

Lili


Dói tanto a tua ausência
O não estares, o teu cheiro,
Que recordo até à demência!
Se ao invés de apenas pedreiro,
Tivesse arte e fosse escultor,
Moldaria na pedra o teu corpo, amor!
Assim na pedra fria, parco da tu presença
Ainda assim te encontraria!
Olhos fechados de impaciência tensa,
Abraçar--me--ía à tua imagem,
Ao abraçá--la o meu corpo a aqueceria!
Depois chorando em pranto,
No quarto só, embrulhado num manto,
Recitaria poemas para ti,
E murmurando nos meus lábios, o teu nome:
Lili... Lili... Lili...

2004-02-22

Fiquei Cego

Fiquei Cego


Sim amor, fica em silêncio, calada.
És mais bela, pura, perfeita...
E que sou eu? Nada!
Tu que das estrelas foste feita,
E qual pó, em mim se amortalha,
Nesta breve vida, qual poalha,
Quero ser teu, o tempo que for!
Fica comigo, mesmo que não seja por amor!
Sou patético meu anjo e sei disso!
Mas deves ser para mim uma espécie de feitiço.
E não recuo, nem regresso, nem consigo!
Por isso, este pequeno favor te peço:
Que enquanto a ti puder ver
Tu me desejes e vás querer!
Sim, não nego, foi por te olhar,
Que fiquei cego e só a ti consigo amar!

2004-02-14

Amor Voador

Amor Voador


Não, não sei o que me conduz.
Talvez vá atrás de alguma luz,
De um corpo, ou de um reflexo,
Que me atrai e me seduz,
Coisas sem nexo!

Queria-te tanto a ponto de ficar louco,
Porque tudo o que tenho me sabe a pouco!
Talvez seja como um desespero galopante,
Esta ideia fixa de querer ser teu amante.
Deve ser de gritar, que fiquei rouco!

Rasgasse-me no peito uma ferida.
Este amor levou-me de vencida.
Este vazio cá dentro a aumentar,
Foi porque o coração fugiu,
Ganhou asas e pôs-se a voar!

Quem sabe para onde terá ido?
Talvez ande ao acaso, à procura por aí!
De perseguido, deu em perseguidor,
Por isso louco, quer-te a ti,
E mais ainda todo o teu amor!

2004-02-06

Dor e Prazer


Se tem que doer que doa!
Se tem que dar prazer que dê.
A dor não voa,
E o prazer não vê!

2004-02-05

Prece da alma solitária

Sou uma alma aflita,
Que por ti grita.
Como a águia nas alturas.
Saudoso das tuas ternuras,
Vou ficar sózinho,
À espera do teu miminho!

Vou ser ave e voar,
Para junto de ti estar!
Serei assim,
Tudo que foste pra mim.

Lembrarei sempre de nós,
Com o valor deste amor.
Lembrarei a tua voz,
Nos dias frios, terei calor.

E lá longe onde estarás,
Sei que feliz serás.
Porque orarei por ti,
Daqui!

2004-01-28

Cai brutal

Cai brutal


No campo em desamparo cai brutal
Todos percebem num instante
Que ali caiu o grande mal
Que nunca nos larga vigilante
Alguns dizem tristemente:
-- Não teve sorte!
Mas o que nos passa pela mente
É que nem o mais forte,
Vence a morte!

2004-01-27

A caverna

A Caverna


A negra escuridão, veste o abrigo,
Na correria palpita o coração,
E o fundo seco e frio é amigo,
Neste canto da montanha.
Nesta ferida aberta, formada caverna,
Marcas de mãos decoram a parede,
Talvez em tempos idos, outro irmão.
Mas agora aqui só mora a solidão,
Um convite á reflexão.

poema escrito em 1/2001

2004-01-03

O tempo nos quer roubar

O tempo nos quer roubar


Não tenho tempo para reflectir;
Mal tenho tempo para andar,
Nesta vida que se cansa de viver!
No tempo que passa, deixar-me ir...
Por pouco tempo deixar de falar.
O tempo que passa a morrer,
É o tempo que o tempo nos quer
Roubar!

2004-01-02

Num passo de ballet

Num passo de ballet


Amei-te mais do que a minha triste vida
E agora sim, eu sei, estás perdida!
Sei que nunca mais voltarás aos meus braços
Que não me desejas mais, nem falar!
Procurarás outros abraços
Quem te faça feliz, ou te faça pensar assim.
De que me valeu amar, ou dar?
Nem sequer pensas em mim.
E se te amei e tudo dei,
E agora sou posto na margem,
Porque hei-de seguir viagem?
Não cumpro nenhuma lei,
Neste coração anarca, libertino.
Em vez de homem, j´ não quero ser
E se for hei-de ser apenas menino!
Vai, sê livre se fores capaz
As teias que a vida faz!
A pensar que sabia amar
E afinal tudo o que fiz
Foi esmurrar o nariz,
Andar-me a enganar!
Ai que dor de corno esta
Que me estraga a festa!
E faz ficar assim em depressão...
É uma coisa estúpida e mole
Este coração!
Digam-me que estou a aprender!
Que ainda há esperança!
Falta pouco para morrer,
E queria outra dança!
Talvez em vez da valsa,
Uma rumba, ou uma salsa!
Ao invés de andar na corda bamba,
Preferia um samba!
E se tudo tem de ser amargo
Queria antes mandar tudo pró carago!
Ou então assim como é
Ser um cisne, num passo de ballet!

Um engano

Um engano


Andei perdido, caminhando na areia.
Julgava que sabia por olhar de perto,
Mas qual mosca presa numa teia,
Tudo o que tinha era deserto!

Já ninguém me vê ou nota.
Sou como o pescador paciente,
Espera peixe e de repente...
Acaba pescando uma bota!

Dá vontade de rir, para não chorar.
E é amarga a conclusão:
Andei pensando que sabia amar,
E era apenas um engano do coração!