2004-01-28

Cai brutal

Cai brutal


No campo em desamparo cai brutal
Todos percebem num instante
Que ali caiu o grande mal
Que nunca nos larga vigilante
Alguns dizem tristemente:
-- Não teve sorte!
Mas o que nos passa pela mente
É que nem o mais forte,
Vence a morte!

2004-01-27

A caverna

A Caverna


A negra escuridão, veste o abrigo,
Na correria palpita o coração,
E o fundo seco e frio é amigo,
Neste canto da montanha.
Nesta ferida aberta, formada caverna,
Marcas de mãos decoram a parede,
Talvez em tempos idos, outro irmão.
Mas agora aqui só mora a solidão,
Um convite á reflexão.

poema escrito em 1/2001

2004-01-03

O tempo nos quer roubar

O tempo nos quer roubar


Não tenho tempo para reflectir;
Mal tenho tempo para andar,
Nesta vida que se cansa de viver!
No tempo que passa, deixar-me ir...
Por pouco tempo deixar de falar.
O tempo que passa a morrer,
É o tempo que o tempo nos quer
Roubar!

2004-01-02

Num passo de ballet

Num passo de ballet


Amei-te mais do que a minha triste vida
E agora sim, eu sei, estás perdida!
Sei que nunca mais voltarás aos meus braços
Que não me desejas mais, nem falar!
Procurarás outros abraços
Quem te faça feliz, ou te faça pensar assim.
De que me valeu amar, ou dar?
Nem sequer pensas em mim.
E se te amei e tudo dei,
E agora sou posto na margem,
Porque hei-de seguir viagem?
Não cumpro nenhuma lei,
Neste coração anarca, libertino.
Em vez de homem, j´ não quero ser
E se for hei-de ser apenas menino!
Vai, sê livre se fores capaz
As teias que a vida faz!
A pensar que sabia amar
E afinal tudo o que fiz
Foi esmurrar o nariz,
Andar-me a enganar!
Ai que dor de corno esta
Que me estraga a festa!
E faz ficar assim em depressão...
É uma coisa estúpida e mole
Este coração!
Digam-me que estou a aprender!
Que ainda há esperança!
Falta pouco para morrer,
E queria outra dança!
Talvez em vez da valsa,
Uma rumba, ou uma salsa!
Ao invés de andar na corda bamba,
Preferia um samba!
E se tudo tem de ser amargo
Queria antes mandar tudo pró carago!
Ou então assim como é
Ser um cisne, num passo de ballet!

Um engano

Um engano


Andei perdido, caminhando na areia.
Julgava que sabia por olhar de perto,
Mas qual mosca presa numa teia,
Tudo o que tinha era deserto!

Já ninguém me vê ou nota.
Sou como o pescador paciente,
Espera peixe e de repente...
Acaba pescando uma bota!

Dá vontade de rir, para não chorar.
E é amarga a conclusão:
Andei pensando que sabia amar,
E era apenas um engano do coração!