2014-04-25

Abril de águas mil



Este Abril traz águas mil
Nos rostos de quem já não trabalha
De quem perdeu a casa
De quem não tem pão
Para dar aos filhos
De rostos tristes

Abril de águas mil
Nos rostos dos soldados
Que sentem perderam a batalha
De velhos que só vêm morte
Jovens sem sorte
Dos outros todos
Que acham que não há nada que nos valha

Abril de águas mil
Nos rostos das mães
Que se culpam
Por não haver futuro
Para os seus filhos
Nem reformas
Para os pais

Abril de águas mil
que não faz germinar
nenhuma semente
E apenas nos leva a escutar
quem apenas nos mente
profissionais vendedores de ilusões
trazendo chuva, tempestade e trovões

Abril de águas mil
Que os sonhos findou
Pedaço de terra, que se tornou
Súbito paraíso de banqueiros
de traidores por trinta dinheiros
de fraternidades criminosas
cada vez mais poderosas

Abril de águas mil
que esquece pátria e nação
e que ao invés dá guarida
a tudo quanto é ladrão
Esperança ferida
Onde a chuva de Abril
Apenas faz crescer a corrupção

Abril de águas mil
que apenas traz apatia
perda de soberania
um povo em desalento
sem memória nem alento
esquecendo a sua história
Os seus igréjios avós
Um povo sem voz

Abril de águas mil
onde a esperança morre
como a água que escorre
naufrágio solidário
onde apenas fica
o sofrimento diário
de quem não pode fugir

Abril de águas mil
parado na cruz
onde não há salvação
fazendo jus
à ânsia de um Sebastião
e nada muda enquanto se espera
velas sem vento
povo sem alento

Que o Abril de águas mil
Possa lavar os rostos cansados
Os que põem a corda no pescoço, desesperados
Que os campos possam de novo florir
Em verdadeira resurreição primaveril
Em flores rubras de fogo nacional
E possa incendiar este nobre povo
Finalmente decidido a por fim ao mal
Anunciar aqui ao mundo, um mundo novo!



2014-04-24

Já que não pode ser...

Sou como um vulcão!
Tanto quero amar,
Tanto amor para dar!
Deixar livre, correr paixão,
Que me sinto a rebentar!
Pobre do meu coração,
Que tanto se quer entregar!
E é tão triste não poder...
Ter assim que me conter.
Dizem que o que faço,
É ser devasso,
Comportamento aberrante,
Demasiado moderno!
Assim como é, é sufocante!
Eu que almejava ser eterno,
Agora aqui e neste instante;
Vencido me declaro, que o mal vença!
Já que amor desmedido,  não pode ser,
Não me faz diferença,
Não me importo de morrer...