2008-09-26

Água Parada


a foto veio daqui

Jardins queimados
Florestas de cinzas
Pedras abandonadas
Nas beiras dos caminhos

Jardim de pedras
Espalhadas por aí
Deixadas cair
Ou atiradas

Flores a morrer
Em poemas por dizer
E chove nesta luz de Abril
Esta nuvem negra e vil!

Tudo é vento
Tudo é nada
Resto de alento
Água parada



P.S.: Este poema estava para ir pró lixo...

2008-05-14

Os filhos da nação!



Há um cabrão parado em cada esquina
(E não é o pobre tocando a concertina…)
São a mão dos que agitam a lei pra engordar!
Ó nação trsite, entregue à vil torpeza,
Como correm teus larápios com ligeireza!
Assentaram manjedoura no palácio
As majestosas mulas consagradas!
Mujindo esfomeadas no plenário,
Ordenham criaturas resignadas.
Nem um lamento, nem um ai,
Ó triste nação que assim vai!

Terás porventura filhos teus?
Ou agora só pariste abortos,
Que antes de nascer já estão mortos?

Toca a concertina,
Pede esmola,
Resmunga em surdina!
E os outros vistam saia,
E tenham trejeitos de menina!

E éis doutos e sapientes,
Satrápas mui eloquentes,
Soberanos de pacotilha,
Que justificam a matilha!

Entre um bando de pulhas
E um bando de canalha
Não há-de restar nada!

2008-04-24

Pedaço de barro



imagem vinda daqui


às vezes...
no correr dos dias,
apetece-me que não corram.
é quando corre na minha face,
as lágrimas que ainda não choveram.
é nessa altura que chove no mundo,
que os desertos se transformam em mares,
e eu me desfaço,
pedaço de barro...

2008-04-19

Bateu asas


imagem tirada daqui

Abri a gaiola
Do peito,
Deixei o pássaro livre.
Espreguiçou as asas;
Como se não houvesse
Pressa.
Olhou para mim,
Sabia que eu
Não podia voar!
Bateu asas,
E a minha alma
Voou com ele!

2008-02-27

O Penedo


a foto encontrei na net


Quando abres a janela ao pensamento,
Esvoaçam os pássaros!

Há um desenho na areia,
Que a maré apaga…

Cai uma chuva salgada,
Na minha face.

Há um travo amargo neste pão,
Que não sacia a fome!

E sou eu, este penedo mudo e quedo,
Que não sai do caminho.

2008-02-19

Inútil


Esta imagem é (c) 1995 by David Naquin e foi recolhida aqui

Procurei despojar-me de coisas materiais
E acabei mais pobre

Procurei tornar-me um homem simples
E acabei por me tornar invisível e só

Procurei servir a Deus
E acabei desiludido e vazio

Procurei a alegria de dar
E acabei frustrado e triste

Procurei amar até estourar o coração
E sinto-me mal amado

Procurei ser um homem melhor
E sou plenamente inútil!