2015-03-13

Será camarada, que a maré está a mudar?



Sinto-lhes o medo, no gesto anafado,
Quando passam o dedo pelo nó da gravata.
Sentem o pescoço apertado, sufoco que os mata.
Os cães já rosnam, ao invés de se sentar...
Será camarada que a maré está a mudar?

Arreganham retóricas com tremeliques,
Criticam a indumentária, à falta de conteúdo!
E falam grosso, juntos, alcateia em arrebiques;
Caretos, num anacrónico entrudo!
Será camarada que a maré está a mudar?

Já não gostam dos que não se vergam,
Dos que reclamam e não ajoelham!
Dos que falam em nome do povo,
Como se tudo isso, fosse novo!
Será camarada que a maré está a mudar?

Não sei, a mudança é sempre conquista!
Cada avanço a sangue, lágrimas, a suor,
Sensação de tristeza e euforia, coisa mista;
Que o grito e o punho é libertador!
Será camarada que a maré está a mudar?

Dizem que do Leste vem a mudança,
Desta austeridade louca, a bonança;
De caídos, esmagados, nos pomos de pé;
Um futuro melhor para conquistar!
Será camarada que a maré está a mudar?