2015-08-16

Maldito tempo






Maldito o tempo
que nos rouba os amigos
que ainda não ouvimos por completo
Os segredos ainda por dizer
Que adivinhamos nos olhos marejados
Maldito tempo
que me rouba as tuas mãos das minhas
O copo que treme em direcção aos lábios
Porque a amizade nos soluça na garganta
Maldito tempo
Filho da puta sem mãe nem dono
Que não se importa de te calar para sempre
Ao enterrar-te fundo na minha saudade
Neste meu peito estreito
Onde de tão grande já não cabes!
Oh perdoa, perdoa velho amigo,
Que beba sem ti e repita a dose
Já que não estás, nunca mais estarás!
Maldito tempo
que demora tanto
A juntar-nos de novo...

2015-08-14

O CULPADO



Eu sei, ensandeci
De tanta má noticia por aqui
De haver bêbados maiores
Que ao invés de votar em melhores
Abraçaram os mesmos enganos
Entregando-nos ao mesmo bando de ciganos
Que desde que se agarrou, nunca mais foi arrancado

E sim, sinto esse cansaço pesar-me nos braços
E já perdi a vontade de rir, ou de mudar
E ao futuro nem lhe distingo os traços
Não sei bem o que se vai passar

Há quem diga que estou ficando velho
Como agora dizem, sou "peste grisalha"
que o futuro tem pressa e sou empecilho
Para esta sofisticada maralha
Mas não me importo. Se fossem gente, sim.
Mas os garotos crescidos sem educação
São todos realmente assim
E acham que as férias de verão
Nunca têm fim!

Deixa-os brincar enquanto podem
Na ilusão de um vigor eterno.
Que outros engenhos rodem,
E os tragam ao seu inferno-
Mas acho que nem nessa altura
Compreenderão a sua loucura,
E encontrarão outras pestes,
Outras rússias, outros lestes;
Para acusar. Que ele são sempre inocentes!

Há tanto político formado à pressão!
Tanto oportunista sem ideal ,
Que agarra o que está à mão!
E não lhe importa se faz mal.
São dessa geração do dinheiro,
Roubado por inteiro,
A quem trabalha!
Os que dizem que são os outros. a esquerdalha.
Que alimenta os parasitas mandriões!
Mas que aprenderam a salvar bancos de ladrões,
Há custa dessa triste e arrebanhada maralha,
que acabou a chupar os limões!

Não importa, eles têm teorias bonitas,
e escrevem nos jornais.
E tu és dos tais,
Que reverencia a suprema iluminação,
Como que te convencem: Não há opção!
E hás-de ver os filhos deles,
arranjados a preceito continuando as dinastias;
e serás tu o operário mal pago e reles,
que lhes manterás as mordomias!

o mundo continuará igual com pobres e ricos!
Muitos mais dos primeiros que dos segundos,
que para lhes virarem os penicos,
precisarão de muitos serventes imundos!

Assim é a justiça do mundo quando nasces.
Dizem-te: És tu que te fazes!
Para que ao teres consciência,
Na tua agora fugidia inteligência,
que és apenas um idiota chapado;
Ela te diga, que és tu o culpado!