2016-05-06

Porque amanhã não será domingo



Porque amanhã não será domingo,
É preciso continuar a lavrar a terra.
Trabalho em suor nunca findo,
De quem pouco acerta e muito erra.

Porque amanhã não será domingo,
É preciso cerrar os dentes.
Não é hoje ainda que me vingo,
Mas por favor, não me tentes!

Porque amanhã não será domingo.
Devo guardar alguma força ainda.
Neste proletário cansaço findo,
Anseio esse domingo, a sua vinda!

2016-03-19

O Voo da Abelha - livro de poesia






Este é o meu primeiro livro de poesia. Podem procurá-lo na vossa livraria preferida.
Se não encontrarem, por favor, escrevam que estão interessados nos comentários que eu contacto.

2016-03-03

Pousar cansado


Sair por aí sem destino,
Em completo desatino,
Soltar a alma, deixá-la ir!
Achá-la depois, se conseguir.
Mas hoje não!
Não, por favor,
Que estou doente de amor.
No peito a doer o coração.
Não sou perfeito,
E soltou-se-me da mão.
Meu sonho eleito,
Ganhou asas e voou;
E ninguém o agarrou!

Canta a água no ribeiro,
Em cantante sobressalto,
O perfume dela sinto o cheiro,
Mas ao lado dela, eu falto!
Deixa-me ser vento, furacão!
Pôr asas neste doido coração!
Deixem-me solto, asa caída,
Todo eu, imensa ferida,
Por onde me esvaio!
Oh campos de Maio,
Cheio de papoilas vermelhas!
As minhas esperanças,
Deixaram-se de danças,
Trôpegas velhas;
Que arrastam passos,
De olhos baços,
Onde já não há vigor!

Sou eu perdido!
Deixai-me ir, andar,
Que o tempo é bandido;
E me anda a roubar!
Não, ainda não!
Um dia, hei-de parar...
Deixarei de voar,
E em ofegante respiração,
Pousarei cansado em tua mão!

2016-01-24

Sou como um rio


Ao vir ao mundo,  tinha em mim,
A força de todos os rios por nascer!
Agora nesta planície sem fim,
Sou um rio manso, que não quer correr.
Deixo-me lento, assim andar,
Como quem não tem pressa de chegar.
Sou como um rio entulhado,
Não sei por onde seguir, estou baralhado.
Agora que não estás mais por perto,
Sou como um rio desaguando no deserto.

2016-01-13

Pastor de Sonhos


Já fui livre, tive dias,
Sem as diáfonas fantasias,
Que nos cobrem de verniz,
E nos fazem erguer o nariz,
Sem nada de valor acrescentar.
Lembro-me desse tempo de liberdade,
Em que era livre de sonhar.
Em campos de trevos verdes,
Passavam-se infinitas tardes,
Onde em brincadeira fingia pastar.
E como sabia bem aquele amargor!
(Que a vida transformaria em dor).
Noites de Verão olhando o céu,
Noites quentes sem luar,
De um negro como breu!
Onde tomava conta das estrelas,
E eu sozinho era pastor delas.
Rebanhos de constelações serenas;
Que me tranquilizavam e me faziam adormecer.
Depois pus-me a crescer,
Nunca mais parei!
Arrependido estou? Nem sei!
E nestas balelas de ser,
Cá cheguei a homem; mais um.
Por mim, tenho saudades do menino,
Sim, desse que trincava trevos;
E era livre, e não tinha verniz nenhum.
Agora perante futuros medonhos;
Tudo o que queria era a alegria,
De ser um pastor de sonhos!