2013-07-26
O monstro em mim
Há um monstro que mora em mim,
E às vezes irrompe hirsuto,
Revela-se bruto assim!
É um lado escuro e tenebroso,
Que certamente não me faz orgulhoso.
Antes pelo contrário, traz receoso,
Temeroso de quando vai espilrar,
E desatar a fazer mal,
Levar-me a errar!
Chão de sal,
Onde nada pode crescer.
Verbo feito pra me arrepender.
Lado de mim maldito, irracional,
Que me lembra o meu lado animal!
Deixa que o domestique, faça serenar,
Para que nunca mais se corra o risco,
De se soltar, morder e magoar!
2013-07-07
Desassossego de alma
Quero o desassossego da alma
Aos pastos verdes suculentos
Onde és sempre ovelha mansa
Pronta à tosquia ou à matança
Quero ser marinheiro aos quatro ventos
Enfrentar tempestades num veleiro
Quero ser louco, molhado a sal
Uns dizem que buscar ser feliz
É afinal, uma forma de mal
Que a bússola à frente do nariz
Devia ser a miragem deles!
Quem é mais reles?
Eu assumindo com coragem minha ignorância
E prosseguindo com ganância
A busca da felicidade
Ou eles impingindo-me a sua verdade?
Vazia a tua mão...
Nenhum redentor nos pode valer!
Nenhum pode tirar o que sofreste,
Nem o que estás a sofrer.
Não é a fé que tens neste.
É só que nem ele pode recuar,
Apagar o tempo que acaba de passar.
Que adianta um redentor ao sofrimento,
Não valeria mais a felicidade de um momento?
Essa depois de sentida, ninguém pode tirar!
Hipotecas o futuro, em troca de ilusão.
Mas tudo há-de passar,
Ficará sempre vazia a tua mão...
Etiquetas:
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