2016-01-13

Pastor de Sonhos


Já fui livre, tive dias,
Sem as diáfonas fantasias,
Que nos cobrem de verniz,
E nos fazem erguer o nariz,
Sem nada de valor acrescentar.
Lembro-me desse tempo de liberdade,
Em que era livre de sonhar.
Em campos de trevos verdes,
Passavam-se infinitas tardes,
Onde em brincadeira fingia pastar.
E como sabia bem aquele amargor!
(Que a vida transformaria em dor).
Noites de Verão olhando o céu,
Noites quentes sem luar,
De um negro como breu!
Onde tomava conta das estrelas,
E eu sozinho era pastor delas.
Rebanhos de constelações serenas;
Que me tranquilizavam e me faziam adormecer.
Depois pus-me a crescer,
Nunca mais parei!
Arrependido estou? Nem sei!
E nestas balelas de ser,
Cá cheguei a homem; mais um.
Por mim, tenho saudades do menino,
Sim, desse que trincava trevos;
E era livre, e não tinha verniz nenhum.
Agora perante futuros medonhos;
Tudo o que queria era a alegria,
De ser um pastor de sonhos!

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