2006-07-22

Não há nada que nos valha!

A mulher que amava,
Foi-me roubada,
Dos meus sonhos!
Enquanto neles voava,
Tudo era belo, perfeito,
Na sua doçura, eu repousava,
(Eram apenas sonhos!)
Mas quando a encontrei
Um dia na estação,
Nunca mais sosseguei,
Incendiado, na mais intensa paixão!
Deixei de sonhar, não era preciso!
A partir daí, perdi o juízo!
Foi a loucura e a dor de achar
E perder, e voltar a perder.
Descobri que o amor é dor,
E que amar
Pode querer dizer morrer!

Ó insensatos que na vida,
Perseguis a felicidade no amor:
É mentira!
Tal jornada está perdida,
Condenada a acabar em dor!
Resseca a erva, fenece a flor,
E é natural.
Mas padecer de amor,
É fatal!

Maldita droga essa,
Em que a gente tropeça,
Nos caminhos do coração!
É cruel, é tirana,
Essa ditadura insana,
Que nos prende,
A quem não quer prisão,
Nem nunca se rende!

Permiti que vos avise, como amigo,
Que do alto deste farol vos grite,
Que tal coisa é um perigo, é um perigo!

Fugi do amor que turva a visão,
Altera a respiração,
Desse sabor tão doce,
Que embriaga!
Ó dura fraga,
Onde como frágil casco
(E isto até dá asco!)
Embatemos,
Debatemos,
E afundamos,
Com todos os danos...

E somos pó e poalha,
E não há nada que nos valha!

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma perspectiva bem negra, mas porque o amor não se pode reduzir assim. Há amor que mata e amor que revitaliza...
No entanto, o olhar do artista e o poema bonito. Bem ilustrado com o video.
Beijinhos